Edivar Bedin
Oficial da Polícia Militar de Santa Catarina buscando aperfeiçoar conhecimentos, trocar informações, sobretudo discutir questões de (in) segurança pública, ética e moral
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
SEGURANÇA INTERATIVA (Polícia Comunitária)
Em maio de 1995, após palestra sobre o Sistema Qualidade Total, realizada na Associação Comercial e Industrial de Xanxerê (ACIX) proferida pelo Prof. Faustino Vicente, Presidente da Associação Anhanguera, de Campinas SP.
Depois da palestra, indaguei a ele sobre a possibilidade de implantação do Sistema no Quartel sob meu comando. O professor afirmou ser impossível, pois, nunca ouvira falar de que, em algum Estado, no serviço público fosse implantado o Sistema de Qualidade Total.
Disse também, que não acreditava ser possível, pelas características da prestação dos serviços pelo Estado.
Após algum tempo, ainda na mesma noite, incentivado pelo então presidente da Associação Comercial de Xanxerê, Celso Mattiolo, que lhe custearia as despesas com hotel e, nós (PM) lhe daríamos a alimentação, aceitou. "Como um desafio", disse ele.
Fomos o laboratório, pois, no serviço público não havia até aqueles dias, em nenhum órgão de Estado o Sistema Qualidade Total.
Durante o Curso, na fase de brainstorm os grupos concluíram que, primeiramente, deveria ser verificado o nosso conceito, junto à comunidade. Novamente a CDL e a ACIX nos ajudaram. Contrataram uma empresa de pesquisa, da cidade, para essa avaliação. Foram colocadas urnas em estabelecimentos comerciais, bares, lanchonetes, postos de combustível, e, um questionário com dez questões.
A conclusão, após oito dias, nos surpreendeu a todos. A comunidade não sabia a diferença entre as Instituições, as atribuições de cada órgão, entre a Polícia Civil e a Polícia Militar, da Justiça.
Diziam sermos os responsáveis pela delegacia que estava fechada, pelo ladrão que estava solto, e outras dezenas de equívocos.
O Início da Carreira
Em 1984 após a Operação Veraneio, como Aspirante a Oficial, fui transferido de Florianópolis para o 2º. Batalhão, em Chapecó.
Havia como hoje, poucos Oficiais. Desempenhei função de Comando do Corpo de Bombeiros, Comandante da 3ª. Companhia (sede) e Chefe da P2, simultaneamente.
Foi uma época difícil. Havia conflitos entre índios e colonos, na Sede Trentin, com constantes enfrentamentos. Fiquei 117 dias, em Comando de um Pelotão, de controle de acesso à área de conflito. Nosso Quartel era uma barraca. Quando fui substituído, a barraca estava quase totalmente podre.
Havia também, o recém-criado Movimento Sem-Terra (MST) - um dos criadores o Bispo Dom José Gomes da diocese de Chapecó - que com suas constantemente ocupações, nos envolviam, para a "reintegração de posse". Em sua maioria, todas com enfrentamentos, feridos e até mortes. (Farei um tópico à parte)
Em 28 de agosto de 1987 foi criado/ativado o 2º Pelotão de Polícia Militar na cidade de Xanxerê. O Pelotão tinha área de Jurisdição envolvendo 08 municípios da região. A sede do Pelotão era a mesma, onde ficava o Destacamento, comandado por Sargento, na Rua “Tenente Antônio João". O quartel era uma casa pequena, de madeira, com três cômodos, alugada, e a tropa, vinte e dois Policiais Militares para uma cidade com 35.000 hab.
Eu estava no Posto de 1º. Tenente e fui designado para comandá-lo. Relutei, pois, estava cursando a faculdade de Direito na UNOESC e seria um transtorno.
Não teve jeito. Fui, na marra.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
É real ou imaginário? continuidade, conseqüência?
(Eu sempre quis filosofar)
31 de Dezembro deveria ser o último dia do ano, pois, às 00:00 iniciamos o ano de 2011.
Não é bem assim. Ou é?
Por mais que o nosso imaginário, tradições, crenças e vontades nos levem a acreditar nisso, não há fim nem começo ou recomeço. Não há hoje, ontem ou amanhã. Desde que nascemos o que fazemos, fizemos ou faremos, depende de nós e das circunstâncias do momento. Existe o momento, o resto é tudo continuidade e conseqüências.
31 de Dezembro deveria ser o último dia do ano, pois, às 00:00 iniciamos o ano de 2011.
Não é bem assim. Ou é?
Por mais que o nosso imaginário, tradições, crenças e vontades nos levem a acreditar nisso, não há fim nem começo ou recomeço. Não há hoje, ontem ou amanhã. Desde que nascemos o que fazemos, fizemos ou faremos, depende de nós e das circunstâncias do momento. Existe o momento, o resto é tudo continuidade e conseqüências.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
A ONDA DE ASSALTOS EM FLORIANÓPOLIS
Bastou a Capital catarinense virar alvo fácil de ladrões, para expor os problemas que envolvem a Segurança Pública e suas políticas de enfrentamento do crime.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
COMO DIMINUIR O CRIME DE ROUBO
Em meados de abril de 2007 ao assumir o Comando do 8º Batalhão de Polícia Militar, em Joinville, iniciei as atividades fazendo um diagnóstico da criminalidade. As manchetes nos jornais noticiavam, com frequencia, o aumento do número de Homicídios e de roubos que, em sua maioria ocorriam na zona norte de Joinville. Ouvindo as reclamações, percebi ser o crime de roubo o mais temido dos crimes.
O roubo é planejado, tem invasão de domicílio, agressões ou grave ameaça, deixa seqüelas e traumas psicológicos nas vítimas.
Com toda a complexidade que envolve o crime de roubo, ainda assim é um crime que o Estado não dá respostas adequadas. Muitas vítimas sequer têm o seu clamor atendido para o simples registro da Ocorrência.
Por concepção pessoal, para dar uma pronta resposta às vítimas e para consolidar o processo de planejamento, padronizando e disponibilizando em tempo hábil as informações a respeito dos crimes havidos, e ainda, com o fito de orientar constantemente a aplicação do policiamento, criei, em 03 de Julho de 2007 para a área do 8º. Batalhão de Joinville, o que foi denominado de Serviço Pós-Crime.
O Pós-Crime pelo que se sabe, não existe em nenhuma outra cidade ou Estado. É único. (Cont.)
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
ROUBAR SIM, DESISTIR NUNCA
Em menos de 15 dias a Polícia Militar prendeu integrantes da mesma quadrilha em situações diferentes. A primeira vez que o bando foi detido foi no dia 16 de setembro no Bairro Comasa, na ocasião, depois de uma discussão com a amásia de um dos criminosos esta repassou informações que levaram a prisão de CLEITON DE ARRAZAO, 24, VILTON CARLOS ZILZ JUNIOR (vulgo gaúcho), 22, IVANDERSON MARTINS MENDES (vulgo danado), 30 e apreensão de um menor de 15 anos. Com o bando foi encontrada uma réplica de uma pistola .45, R$ 718,00 em espécie e roupas roubadas.
O Pós-crime (8.BPM) em contato com as vítimas de roubos a estabelecimentos comerciais, ocorridos durante o mês de Setembro, identificou os ladrões, que foram reconhecidos em 05 roubos:
sábado, 25 de setembro de 2010
Comerciais em canais de TV por assinatura
Quem contrata os serviços de Tv por assinatura, paga para fugir dos longos e nada criativos intervalos comerciais; paga pelo serviço para ter acesso à variedade de conteúdos produzidos em várias partes do mundo. Quer ver filmes e seriados sem interrupção constante dos comerciais, esse é o principal diferencial.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
O CRIME DE FURTO E DE ROUBO EM RESIDÊNCIAS E ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS – Algumas breves considerações
Em meados de Maio de 2007 quando assumi o Comando do 8° Batalhão de Polícia Militar, procurei identificar todas as peculiaridades da cidade, em especial a região que compunha a jurisdição do Batalhão.
Havia recursos, porém eram mal empregados. As viaturas estavam sucateadas por falta de manutenção, o efetivo estava desmotivado e não havia Planos de ações.
O levantamento inicial demonstrou que o crime de roubo era o mais freqüente. Havia quase setenta por mês. O que mais incomodava o cidadão era o crime de roubo em residência e em estabelecimentos comerciais.
Estabeleci então, a prioridade do meu Comando: o combate ao crime de roubo.
Foram feitos levantamentos de todas as variantes que envolvem este tipo de crime, estabelecendo critérios e, finalmente, identificando (por fotos) todos os ladrões em nossa área. O resultado desse estudo e planejamento culminou com a criação de um atendimento às vítimas de roubo - só existe na área do 8º. Batalhão de Polícia Militar – o PÓS-CRIME.
Desses (quase) quatro anos à frente do PÓS-CRIME estudando as muitas variantes que envolvem o crime de roubo, extraio e repasso algumas observações e sugestões, que espero sejam úteis:
terça-feira, 17 de agosto de 2010
AS ELEIÇÕES E A SEGURANÇA PÚBLICA
É no período eleitoral, por meio dos candidatos, que vemos exposto o potencial humano de enganar aos seus semelhantes.
Alguns candidatos sequer sabem do que estão falando, quando se referem aos programas para resolver as questões que envolvem a Segurança Pública. A solução, segundo eles, está em aparelhar, investir em equipamentos, valorizar as categorias e implementar programas. Citam o tolerância zero - mundialmente conhecido após a experiência de combate à criminalidade implementada na cidade de Nova Iorque, a partir de 1993, pelo prefeito republicano Rudolph Giuliani e pelo Chefe do Departamento de Polícia local, Bill Bratton.- E os programas brasileiros, Polícia Comunitária e as recém criadas Unidades de Polícia Pacificadora, no Rio de Janeiro.
Esses Programas são resultado de um bem elaborado trabalho de marketing visando dar uma resposta qualquer, com muita visibilidade, porém, tem pouco ou nenhum efeito prático na redução da criminalidade e da violência. Proximidade é a palavra-chave utilizada.
A Polícia deve estar próxima, sim, do bandido; perto dos locais em que ele age ou pretende agir. Mas para que isso ocorra é preciso saber quem é ele, identificar, conhecer suas táticas, com quem anda, onde mora etc.
A Polícia deve estar próxima, sim, do bandido; perto dos locais em que ele age ou pretende agir. Mas para que isso ocorra é preciso saber quem é ele, identificar, conhecer suas táticas, com quem anda, onde mora etc.
terça-feira, 20 de julho de 2010
CRACK: UMA EPIDEMIA
O CRACK: Surgiu no início da década de 80, como uma jogada dos narcotraficantes para democratizar o uso da cocaína que por seu alto custo, impedia o acesso das classes sociais mais baixas. Por isso não é uma droga nova, é uma nova via de administração da cocaína. É um subproduto que resulta em pequenos grãos, é fumado em cachimbos. Contem menos cocaína em sua elaboração, porém, tem efeito semelhante e tão potente quanto ao de cocaína injetada. O efeito dura menos do que a cocaína inalada, é mais potente e o efeito inicia mais rápida e intensamente. O crack começou a ser usado em meados de 1990, na periferia de São Paulo e em menos de dois anos, alastrou-se pelo Brasil.
Ao ser inalado leva de 10 a 15 segundos para chegar ao cérebro e produzir efeito: euforia, indiferença à dor, à fome, ao sono, ao cansaço. O efeito dura de 3 a 10 minutos, muito pouco. Não precisa mais do que três ou quatro cachimbadas para tornar-se um dependente, viciado.
domingo, 11 de julho de 2010
CUSPARADA NA CARA
Hoje é domingo, final da copa do mundo. Holanda e Espanha disputam a final. Fiquei impressionado com o que li, a respeito de uma agressão sofrida pelo Rodrigo Santos, locutor de uma rádio de Brusque. Foi no final do jogo JEC X Brusque, ontem. Tal delfinzinho da FCF com mais três amigos, invadiu a sala de imprensa e agrediu o repórter, que foi hospitalizado.
Aparenta ser um ato de covardia, simples. Mas não é. O agressor já foi preso de maio de 2007 a junho de 2008, por tráfico de drogas.
Porque uma pessoa com esses antecedentes ainda está solta? Pelo mesmo motivo que centenas de outros também não estão presos:
Aparenta ser um ato de covardia, simples. Mas não é. O agressor já foi preso de maio de 2007 a junho de 2008, por tráfico de drogas.
Porque uma pessoa com esses antecedentes ainda está solta? Pelo mesmo motivo que centenas de outros também não estão presos:
sexta-feira, 2 de julho de 2010
As Lições do meu INFARTO
Considerando que a boa intenção serve de motivação, repasso a minha experiência com INFARTO – causado por ESTRESSE (stress). Esse tipo de infarto não discrimina. É PARA TODOS NÓS, estressados. Muitos descrevem as sensações como, dor aguda no peito que se espalha pelas costas, amortecimento do braço e que, logo depois vem o desmaio etc.
Por experiência própria e, no meu caso: A dor no peito não foi TÃO aguda no início, nem se espalhou pelo braço, costas..., nem fiquei inconsciente, ao contrário. O desconforto manteve minha atenção. Como eu disse - no meu caso - parecia indigestão.
sábado, 1 de maio de 2010
O Governador e a legalização do bico
O Governador anunciou que pretende legalizar o bico dos Policiais (atividade extra, normalmente feita em horário de folga). Os Policiais Militares não podem exercer outras atividades que não seja o magistério. Tampouco ter empresa própria ou associar-se a uma.
O BICO: Na segurança pública, os policiais são procurados por empresas, para serviços (bicos) de segurança eventual, escoltar pessoas, cobranças etc. Atualmente, o policial faz bico (clandestino) normalmente à noite, durante o período que teria de folga, depois do seu turno de serviço.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Círculo cruel
Nos Jornais de hoje a manchete: Ex-detenta ao obter liberdade condicional, deixa o bebê na prisão - Andrea R. B. F. de O., 30 anos, cumpria pena de cinco anos por roubo. O bebê, de cinco meses, nasceu no presídio. Ela tem mais quatro filhos, longe da família. O pai do bebê cumpre pena no presídio por furto.
As mães, por natureza, literalmente, dão a vida por seus filhos. É o instinto básico que proporcionou a sobrevivência do ser humano como espécie. Ela estava presa por roubo. Significa que agiu com violência ou grave ameaça, para obter coisa alheia para si.
Este é o ponto. Em algum momento, ao ser atacado por uma mulher com essa caracteristica, pode-se esperar um pouco sequer, de misericórdia ou piedade? O roubo por si só, não me canso de repetir, tem três violencias embutidas: violência física (agredir, subjugar, humilhar), material e, o trauma psicológico que dura anos.
Quem comete crime de roubo tem que ser cruel.
O ladrão é reincidente; o crime para ele é como uma droga, vicia.
No presídio os presos tem direito a TV, lazer, comida, roupa lavada, sexo, e agora, a VOTAR.
Conclusão - Ela vai cometer mais roubos, poderá ser presa, vai ter mais filhos, sairá novamente em liberdade e nós? - que se f...nós todos.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
A PMSC e as PROMOÇÕES
A carreira policial militar é fascinante, porém, ao final torna-se frustrante quando se trata da promoção ao último posto: Coronel.
A pré-seleção dos candidatos ocorre na Comissão de Promoção de Oficiais. A Comissão vota em sistema de pontuação, e encaminha em lista ao Exmo Sr Governador, que escolhe (da listagem) os Oficiais para a Promoção. Em muitos casos o Governador segue orientação do Comandante-Geral e do Secretário de Segurança.
Porém, às vezes baseia a sua escolha em indicações. (Não considero errado, pois, tratando-se de escolha quanto mais informações tiverem, melhor decidirão).
Concorri em várias oportunidades e em todas, pequei pela ausência de indicações e, obviamente, fui preterido por isso. Passaram-me à frente, Oficiais de turmas ditas mais modernas. Estou no posto de Tenente-Coronel há cinco anos.
De nada adianta criar, inovar, resolver, isso tudo não tem a menor importância. O critério é POLÍTICO.
Está aí, uma situação que me deixa em desvantagem: não sou e nem sei lidar com políticos. Não tenho habilidade, digo o que penso e odeio a injustiça.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
A revista VEJA é uma porcaria, parcial e tendenciosa
O espaço Cartas do leitor da revista Veja, em vez de ser um espaço para participação e interação efetiva, concentrando ali a presumível pluralidade e também as divergências de opinião, ao contrário, é utilizado como um instrumento para legitimar opiniões dos articulistas e a linha política do editorial e, da própria publicação.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Um duplo atentado – à PAZ no campo
Eu havia postado outro texto. Fiz algumas modificações, fui um pouco mais contundente e objetivo. Encaminhei para a Editora Abril - revista VEJA - solicitei que publicassem, preferencialmente, sem alterar o conteúdo. Compartilho abaixo, com você o pensamento (minha teoria). No final do meu texto tem o link para a origem da minha indignação. Dê-me a sua opinião a respeito. Agradeço.
Inconformado, quase não acreditei no que lia, principalmente porque seu autor é o respeitável senhor Maílson da Nóbrega. Sou Oficial da Policial Militar de Santa Catarina e acredito que a paz é possível.
Eu já tinha ouvido falar que o eletrocardiograma de economistas e banqueiros é uma linha reta, agora, pude comprovar....
Eu já tinha ouvido falar que o eletrocardiograma de economistas e banqueiros é uma linha reta, agora, pude comprovar....
domingo, 17 de janeiro de 2010
A Fábula dos porcos assados
A "Fábula dos porcos assados" é sempre atual. Não sei quem é o autor. Para quem ainda não leu, aproveite.
Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada.
A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque... até que descobriram um novo método.
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